Santander, patrocinador da La Liga, sob pressão após novo caso de racismo contra Vinícius Júnior.


Banco é o principal patrocinador da Liga Espanhola, acusada de se omitir diante dos repetidos insultos racistas contra o jogador de futebol brasileiro.



São Paulo – O nome do banco Santander foi parar nos trending topics do Twitter, nesta segunda-feira (22) após mais um caso de racismo contra Vini Jr.. Internautas cobram um posicionamento da instituição financeira, patrocinadora máster de La Liga, entidade responsável pelo campeonato de futebol na Espanha. Neste domingo (21), o brasileiro foi xingado de “macaco” por torcedores do Valência, que promoveram o coro racista durante uma partida contra o Real Madrid, time do jogador. O movimento sindical brasileiro também criticou o que chamou de “omissão” do banco.


A Liga Espanhola é acusada de se omitir diante dos casos de racismo contra Vini Jr., que vêm se intensificando desde setembro de 2022. Em desabafo, o atleta afirmou que a violência, não a foi a primeira, a segunda e nem a terceira. E que “o racismo é o normal na La Liga”.


“A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui”, escreveu o jogador em suas redes.


Patrocinadores em débito

A posição da entidade espanhola e seus patrocinadores também passou a ser questionada por internautas. Em sua maioria, começaram a promover uma campanha de boicote às empresas, principalmente ao Santander.


“Olá Santander, tudo bem? O caso ocorrido ontem com o jogador Vinícius já se repetiu diversas vezes e mostra que temos um sério problema no campeonato La Liga. É de suma importância que a empresa se posicione contra o racismo e peça por mudanças no campeonato que vocês patrocinam”, cobrou o movimento Sleeping Giants Brasil, conhecido mundialmente por derrubar anúncios de empresas em sites que disseminam notícias falsas ou distorcidas.


O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, também saiu em defesa do brasileiro e cobrou dos patrocinadores um posicionamento. “Espero que essas empresas façam alguma coisa de sério e efetivo sobre o inaceitável e reiterado racismo contra Vinicius Júnior na Espanha”, destacou.


Racismo em La Liga

Além do Santander, os perfis da Microsoft, Puma, EA Sports, Panini, Allianz, entre outras, também foram cobradas de pressionar os organizadores do campeonato espanhol. Nas redes, os logos das companhia foram associados à organização supremacista branca Ku Klux Klan e às hashtags “La Liga racista”, “respeitem o Vini Jr”, “patrocinando racismo”. Internautas também destacaram que era “inadmissível patrocinarem uma liga racista como a La Liga, é uma vergonha”, postaram.


Ainda ontem, o presidente da entidade espanhola, Javier Tebas, usou as redes sociais, mas para rebater as críticas feita pelo atleta brasileiro. “Antes de criticar e injuriar LaLiga, é necessário que você se informe adequadamente, Vini Jr. Não se deixe manipular e tenha certeza de entender bem as competências de cada um e o trabalho que estamos fazendo juntos”, tuitou.


Pouco depois Vini Júnior contestou, ressaltando que “mais uma vez, em vez de criticar racistas, o presidente da La Liga aparece nas redes sociais para me atacar. Por mais que você fale e finja não ler, a imagem do seu campeonato está abalada. Omitir-se só faz com que você se iguale a racistas. Não sou seu amigo para conversar sobre racismo. Quero ações e punições. Hashtag não me comove”, contestou.


Brasil cobra providências

Segundo informações do portal UOL, jogadores do Real Madrid também estão insatisfeitos com reações institucionais. Eles gostaria que o próprio clube se posicionasse mais fortemente e cobrasse ações mais enérgicas da Liga Espanhola. O Real divulgou uma nota de sobre o novo caso de racismo apenas na manhã desta segunda, já tarde na Espanha.


O governo Lula também se pronunciou, repudiando “nos mais fortes termos” os ataques racistas contra Vini Jr. Em comunicado assinado pelos ministérios de Relações Exteriores, Igualdade Racial, Esporte e Direitos Humanos e Cidadania, o Brasil solicitou providências por parte da Fifa e das autoridades governamentais espanholas. Ainda ontem, Lula abriu coletiva de imprensa no Japão, advertindo que os órgãos deveriam tomar “sérias providências, porque não podemos permitir que o fascismo e o racismo tomem conta dos estádios de futebol”, declarou o presidente.
Entidades sindicais bancárias no Brasil reforçaram os protestos. “O banco obtém 25% do seu lucro global na América Latina, destaca em suas campanhas publicitárias a promoção da diversidade e igualdade, mas na prática manterá o patrocínio ao campeonato espanhol até o final da temporada”, afirmam a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT), o sindicato da categoria em São Paulo e federações. “Sabemos que, quem silencia em casos de violência, compactua com ela. Para combater o racismo é preciso ser antirracista. Por isso, reiteramos a importância de medidas efetivas para combater o crime de ódio, não basta uma mensagem com fins publicitários. E aguardamos as punições adequadas a pessoas e entidades que cometem crimes e silenciam frente à violência.”





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